Quando eu te faço essa pergunta: o que é mais importante para a sua vida? Provavelmente você irá pensar sobre um monte de coisas materiais como: relacionamentos, pessoas, animais… mas jamais vai pensar na resposta que eu vou te dar! A coisa mais importante que você tem na vida e que se você não tiver será totalmente incapaz de fazer qualquer coisa, é a sua memória.
Você já parou para pensar sobre a importância da memória? Neste exato momento só estou escrevendo esse texto para você porque me lembro dos conteúdos que já estudei, me lembro como se escreve, me lembro como liga um computador, como envio o texto. Tudo, absolutamente tudo o que você faz, pensa e sente, você recorre à sua memória. Seja uma memória de longo prazo, de curto prazo ou uma memória emocional. Será sempre a ela que você vai recorrer ao longo de sua vida.
Nosso sistema é muito inteligente, Não é necessário pensar que devemos recorrer a uma memória específica para conseguirmos fazer as coisas básicas em nosso dia a dia. O recurso de buscar por uma memória se torna mais consciente quando se trata de memórias traumáticas, dolorosas. Temos a tendência a não abandonar memórias relacionadas às experiências ruins com o objetivo de nos mantermos protegidos. Parece um pouco confuso, mas eu vou te explicar:
Quando vivemos uma situação traumática, a tendência é não querer passar por nada parecido nunca mais em nossas vidas. Mas como podemos saber se estamos vivendo algo parecido ou não? Pela comparação das cenas de hoje com as cenas do passado.
Um exemplo didático: se eu queimo a mão no ferro de passar roupa, ao olhar um ferro, automaticamente vou me certificar se ele está quente ou frio para poder pegá-lo. Porque me lembro da dor de uma queimadura. Mas quando se trata de um relacionamento, por exemplo, quais garantias você tem que não irá sofrer (se queimar) novamente na próxima relação? Assim, não é possível nos certificar que a outra pessoa irá ou não nos fazer mal (se está quente ou fria - ferro). Por esse motivo, nos relacionamos com a pessoa atual, com as memórias das relações anteriores. Já dá para imaginar a confusão que isso causa na relação?
A memória é extremamente importante, mas ela pode se tornar tóxica quando você fica apegado às memórias traumáticas do passado sem conseguir abrir espaço para a criação de novas memórias. É produtivo visitar as memórias do passado a fim de entendê-las como um aprendizado, e o desenvolvimento de novos recursos, para se proteger e ser mais perspicaz nas próximas experiências. O que não podemos é se blindar e se fechar para o novo e não viver de forma aberta e confiante esse “novo”, pela falta de confiança e medo de um possível sofrimento. Isso é sofrer antecipado por algo irreal.
A sua memória precisa funcionar a seu favor e não contra você! E por falar nisso, como está a sua memória?
Tatiana Auler
Psicóloga
CRP 05/56969
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