QUESTÕES DO DIA A DIA COM TATIANA AULER
Não tem como apagar o passado, e, aliás, você só é quem é hoje por conta dele. Nem tudo são flores, mas também não são só trevas. O que você viveu pode não ter sido bom, mas, provavelmente, o ajudou a ter mais maturidade para lidar com as situações do presente.
A vida é feita de conflitos, e é no conflito que crescemos, evoluímos. Se, quando você era criança, tivesse aceitado tudo o que seus pais falavam, sem questionar, provavelmente, hoje, seria uma pessoa sem opiniões, sem objetivos, sem força de construção. Desde o início da vida, todos os conflitos que vivemos servem para nortear o que vamos querer daquele momento em diante. Para que isso aconteça, é necessário olhar para a experiência traumática como uma lição de vida e não como uma punição.
É claro que você merece ser feliz; todos nós merecemos! Se você tem experiências traumáticas que não saem de sua cabeça e fazem você voltar ao passado o tempo todo, colocando esse passado no presente e impedindo-o de ir a diante, a dica é transformar sua forma de pensar sobre o passado, no sentido de querer mudar o que aconteceu, para pensar sobre o passado entendo o que, daquela experiência, você pode levar como algo bom.
Se disser a si mesmo: Não teve nada de bom no que vivi. É sinal de que ainda não evoluiu o seu olhar. Pode ser que, contando essa experiência para uma pessoa amiga ou um terapeuta, eles possam ajudá-lo a enxergar a questão de modo diferente.
Fato é que todas as experiências nos ensinam a dizer sins e nãos no decorrer da vida.
Exercício:
Sabe aquela situação que aconteceu, mas você ainda não aceitou? Vamos falar sobre ela:
- Qual é sua responsabilidade sobre essa experiência?
- Qual é a responsabilidade da outra pessoa?
- A partir dessa experiência, o que escolhe não querer viver mais?
- A partir dessa experiência, o que reconhece que aprendeu?
Responda para si mesmo essas perguntas de reflexão!
Tatiana Auler
Terapeuta
A propósito do tema que abordei hoje, segue o poema:
Anverso
Sei agora o que sou:
Não a imagem no espelho
Que minha vista distorce,
Mas outra eu
Que dentro dela contorce.
Sei agora o que sou:
Não o que os outros veem
Reflexo da entorse,
Mas outra eu
Que em si destorce.
Sei agora o que sou:
Não o que pensava de mim
Que a vaidade torce,
Mas outra eu
Que esta retorce.
Sigo esperando expelir,
Talvez na tosse,
Esta outra eu
Que de mim,
Enfim,
Tomará
Posse.
(Edna Farias - Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 107 - página 26).
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