Quando refletimos sobre a palavra DOR, podemos compreendê-la como uma dor emocional e/ou física. A dor pode ser emocional e não física, mas quando se tem uma dor física, ela está automaticamente provocando uma dor emocional.
Você já reparou que quando você fala sobre a sua dor para o outro, o outro, em vez de ouvir e acolhê-la, fala sobre a dor dele?! E que provavelmente você faz o mesmo?! Vira uma competição de dores. Isso acontece porque é da natureza humana ter a necessidade de se sentir acolhido em sua dor. O problema é que quando você fala sobre a sua dor, e o outro sobre a dele, ninguém acolhe ninguém. Apenas falam sobre si.
Mas tem o outro lado dessa história... a forma que temos para criar empatia em relação à dor do outro é "visitando" experiências internas nossas na tentativa de encontrar uma dor similar para compreender intrinsicamente o que o outro está tentando dizer sobre a própria dor.
Essa seria uma boa alternativa. O problema está na comunicação. É pertinente e natural trazermos dores similares para dar sentido à dor do outro, contanto que fiquemos na história do outro e não na nossa.
Existem também os casos em que não encontramos referências internas para a dor de que o outro fala. Nesse caso, pode ser que quando você fale sobre a sua dor e o outro não tenha referência interna para compreendê-la e gerar empatia, ele desqualifique-a.
Ainda temos a possibilidade de o outro não suportar falar sobre dores. De uma maneira em geral, pessoas que não lidam bem com situações desconfortáveis na vida, com as próprias dores, não suportam falar sobre elas e nem ouvir a dor do outro, porque não conseguem fazer contato, em primeiro lugar, com a própria dor. Preferem se manter em negação. Sofrem e negam que a dor existe.
O melhor seria se não sofrêssemos tanto, mas infelizmente é inevitável. Sendo assim, sugiro que equilibremos a nossa escuta para acolher o outro quando ele falar sobre a própria dor e que procuremos pessoas capazes de acolher a nossa dor.
Tatiana Auler
Psicóloga
CRP 05/56969
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