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Por que as relações acabam?


Questões do dia a dia com a terapeuta Tatiana Auler

Seria impossível enumerar todos os motivos pelos quais um relacionamento chega ao fim. Falarei, portanto, apenas sobre dois tipos de término de uma relação: A primeira é quando o casal se separa de fato e não reata mais a relação; a segunda é quando, dentro de uma mesma relação, o casal termina e depois volta.


Como tudo na vida, uma relação tem início, meio e fim. O início é sempre "um início": apaixonados, com vontade de realizar muitos sonhos, se conhecendo e mostrando seu melhor um para o outro. O meio é o período no qual os dois já se conhecem​ o suficiente para serem​ quem são em sua essência. Nesta fase, começam os conflitos; gosto de chamar de ajustes. A terceira fase é o término de um ciclo que pode ser definitivo ou conversado, ajustando para que a relação continue.


Vamos falar sobre a fase do meio: Ninguém é igual a ninguém, somos, no máximo, parecidos. Durante a construção da relação, se as diferenças não forem ajustadas, se não tiver aceitação e flexibilidade de ambas as partes, provavelmente a relação chegará ao fim. O fim é necessário para se construir um novo começo, sendo esse novo começo continuação da relação atual com uma nova proposta ou uma nova pessoa. A dor de um término é singular; cada pessoa faz contato com uma intensidade diferente da dor. Aceitar qualquer tipo de término não é fácil, mas é mais fácil quando você passa a observar todas as transformações que fez para tentar ajustar a relação, que, ainda assim, não está funcionando.


A relação termina porque tem que terminar. Se fosse para continuar, continuaria.


Eu sei, meio dura essa frase... mas, pensa comigo: você já tentou, o outro também. Mesmo tentando, ambos não conseguem estar felizes juntos. Se o propósito de ter uma relação é viver o amor, a alegria, a parceria... e isso não acontece mais como casal, seria justo ficarem infelizes juntos? A relação termina porque não está mais funcionando do jeito que era para funcionar independentemente​ do motivo do término. Para ajudar, observe a relação como um todo e se pergunte:


- Sentia-me feliz nos últimos meses ao lado dessa pessoa?

- Sentia a outra pessoa feliz a meu lado?

- Foi feito o necessário para tentar um ajuste na relação e ser possível continuar a investir?


São perguntas de reflexão para você poder avaliar se a relação que terminou era de fato uma relação desgastada ou se vale a pena uma proposta de ajuste para tentar um novo começo.


Acredito que a etapa mais difícil do término de uma relação sejam o desapego e a posse que julgamos ter pelo o outro. É natural uma insegurança em viver uma nova etapa, mas, se você compreende que a relação não tinha mais como evoluir, ficará mais fácil viver esse novo início. Em vez de ficar remoendo o passado, construa um novo presente. Essa pessoa que se foi é apenas uma das milhares de possibilidades que existem no mundo para você se relacionar. Não tenha medo de ficar só; fique bem com você mesmo. Nos relacionamos para podermos aprender uns com os outros. Nessa nova etapa, agradeça todo o aprendizado que essa relação pode lhe trazer e "bola para frente"!


Tatiana Auler

Terapeuta



A propósito do tema que abordei hoje, segue o poema:


Divórcio

Mesmo tendo se passado tanto tempo, Um mistério insiste em permanecer: Ainda que tenhas passado, não mais sendo, Tua lembrança teima em não esquecer.

Primeiro a tomar meu velado cerne De forma tão completa e calma, Além de minha perene carne, Entreguei-te minha imortal alma.

Que eu possa deixar-te ir, então, De modo tão rápido e consciente, Que não haja tempo para o senão, Restando o saudoso amor somente.

Vá, pois, ex-amado, Fique, portanto, ex-amor, Perdure, enfim, velada lembrança, Seja bem-vinda, marca eterna da saudade.

Somos, então, creio:

Aquilo que deixamos que nos marque;

O que as marcas fazem em nós;

Marcas eternas a se perpetuarem infinitamente; e

O Ser Sem-Marcas a ser alcançado.



(Edna Farias - Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 107 - página 26).

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