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Foto do escritorTatiana Auler

Flamengo até morrer?

Atualizado: 9 de dez. de 2019

Como psicóloga não tenho como deixar de observar o comportamento da torcida do flamengo ou de qualquer outro time. Todos unidos em um mesmo propósito. Pessoas que não têm dinheiro criam uma força "sei lá de onde" para conseguir dinheiro e assistir seu time jogar. Talvez nem tenham conseguido o dinheiro, mas se endividam para serem um ponto de apoio para o seu clube se sentir forte e ganhar a partida. Pessoas que gritam de maneira desesperada para protegê-lo, que se unem para torcer.... Uma força e união invejáveis, sem o menor julgamento de ser um comportamento certo ou errado. Esse comportamento é esperado, e é assim no mundo inteiro quando se trata de torcer por um time.


Agora, o que faz uma pessoas se dedicar tanto assim? Algumas pessoas que não possuem uma identificação com um time, seja ele de qualquer esporte, dizem: "Por que essas pessoas 'fazem isso', pois não estão ganhando nada", referindo-se a não estarem ganhando dinheiro nenhum para torcer pelo time. Mas calma aí... Penso eu que elas estão ganhando sim, e muito! Ganham quando se unem com outros amigos, ganham quando explodem em um grito de alegria, ganham quando reconhecem que a sua força dá força ao outro, ganham em saber que são capazes de acreditarem em algo e terem fé... Ganham de muitas maneiras.


Enquanto isso, outras pessoas dizem: "Mas isso não é realidade. A realidade é ser escravo de uma empresa, um povo sofrido por falta de dinheiro, doenças..." Mas calma aí! Por que algo só pode ser considerado "realidade" se fizer parte de uma rotina sofrida na vida da pessoa? E o que não é real?! Tudo o que vivemos é real. Um campeonato de futebol ou de qualquer outro esporte também faz parte da realidade de muitos, dos que assistem e dos que não assistem. Afinal, ambos sofrem interferências com o evento. Ser de um time, de uma religião, de um governo... Tanto faz. Todas essas escolhas fazem parte da construção social do sujeito, formando a sua identidade dentro de um todo.


Se voltarmos nos tempos passados, desde muito antes do Brasil ser descoberto, já existiam as torcidas. Muitas vezes criavam guerras para se saber quem ia vencer (competição). Depois, foram surgindo os esportes, dando outro sentido ao instinto competidor que nós, animais, humanos temos em querer conquistar algo, vencer e dizer: "Eu sou bom, sou capaz".


Somos seres humanos, animais por instinto, vivendo em bandos, em grupos, como qualquer outro animal, com a diferença que racionalmente escolhemos as nossas guerras, as nossas batalhas. Nos comportamos dessa maneira em parte, porque somos animais com a necessidade de dar sentido ao instinto territorialista, competitivo e com necessidade básica de nos sentirmos fortes e poderosos, e em parte, porque temos a necessidade de relaxar, desligar a mente das obrigações, gritar de maneira autorizada, pular sem parecer ridículo, ser livre como uma criança se fantasiando e sem medo do julgamento alheio e finalmente viver o prêmio de dizer "Sou campeão!", compensando toda dor pelas batalhas vividas em sua outra e também realidade da vida.


Tatiana Auler

Psicóloga

CRP 05/56969


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