Por sermos convocados a revelar nossos pensamentos e necessidades mais profundos, às vezes podemos achar desafiador nos expressarmos em CNV. Entretanto, essa expressão fica mais fácil depois que entramos em empatia com os outros, porque teremos então tocado sua humanidade e percebido as qualidades que compartilhamos.
Quanto mais nos conectamos com os sentimentos e necessidades por trás das palavras das outras pessoas, menos assustador se torna nos abrirmos para elas. Com frequência, as situações em que somos mais relutantes em expressar vulnerabilidade são aquelas em que desejamos manter uma "imagem durona", por medo de perdermos a autoridade ou o controle.
Uma vez mostrei minha vulnerabilidade a alguns membros de uma gangue de rua de Cleveland, ao reconhecer a mágoa que estava sentindo e meu desejo de ser tratado com mais respeito. "Ei, olhem" — um deles observou — "ele está magoado; coitadinho!" — e então todos os colegas começaram a rir em coro. Aqui, outra vez, eu podia interpretá-los como se aproveitando de minha vulnerabilidade.
Se, no entanto, eu tiver uma imagem de que estou sendo humilhado e que estão se aproveitando de mim, posso me sentir ferido, irritado ou amedrontado demais para poder entrar em empatia. Num momento desses, eu precisaria me retirar fisicamente para oferecer a mim mesmo alguma empatia, ou obtê-la de uma fonte confiável.
Depois de descobrir as necessidades que haviam sido despertadas em mim de forma tão poderosa e tendo sido acolhido com empatia, eu estaria então pronto para retornar e oferecer minha empatia ao outro lado.
Em situações de sofrimento, recomendo primeiro obter a empatia necessária para ir além dos pensamentos que ocupam nossas cabeças, de modo que nossas necessidades mais profundas sejam reconhecidas.
Autor
Marshall B. Rosenberg
Texto do livro: Comunicação Não-violenta Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais.
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