Em primeiro lugar, quero deixar claro que o que é visto como erro para uns pode ser considerado como certo para outros. Certo ou errado é uma questão de julgamento.
Não estou falando de agir contra a lei ou errar uma questão de prova. Estou falando de vivências comuns a todos nós. Uma atitude, algo que deixe de fazer, uma fala mais ríspida ou um silêncio contínuo, escolhas que não tiveram bons resultados... Qual é seu “erro”?
Errar uma vez, tudo bem; errar duas vezes é burrice! Já ouviu esse ditado? Vejo da seguinte forma: Errar uma vez é um convite a você observar seu “erro” e mudar sua atitude; errar duas vezes é um convite a você refletir sobre o que faz você não conseguir fazer diferente?
Ser diferente pode não ser tão simples assim. Se estivermos falando de uma relação conjugal, podemos pensar que queremos ser mais pacientes com a outra pessoa, ouvi-la, ser mais atenciosos, fiéis, mas, no final das contas, não conseguirmos ser nada disso. No trabalho, por exemplo, podemos querer ser mais pontuais, menos estressados com a equipe, nos empenharmos mais em um projeto não sobrecarregando o outro, e, apesar dessa intenção, não conseguirmos fazer uma mudança para que isso aconteça.
Temos um histórico de vida e tudo que vivemos hoje, buscamos, consciente ou inconscientemente, uma referência no passado e reagimos ou agimos em relação a ela. Nos dias de hoje, se você tem uma atitude que julgue errada, busque, em seu passado, em qual momento viveu algo parecido.
Vou dar exemplos para poder ajudar:
1. No Passado: Meu pai traiu minha mãe, e não o perdoo.
No Presente: Traí a pessoa com a qual me relaciono e não me perdoo.
Aprendizado: Nesse exemplo, você pode pensar que a correção do erro é apenas deixar de trair, mas acaba não conseguindo mudar a sua atitude. Na realidade, o aprendizado pode ser: Viver a mesma experiência que seu pai, se colocar no lugar dele, para conseguir perdoá-lo.
2. No Passado: Meus irmãos pegavam tudo que era meu.
No presente: Não consigo trabalhar em equipe, sou estúpido com as pessoas.
Aprendizado: Pode ser que pense que o aprendizado é aprender a se comunicar e trabalhar em equipe. Porém, se você não viveu uma relação de “equipe” com seus irmãos, se eles pegavam tudo que era seu, o aprendizado pode ser se liberar da raiva em relação a seus irmãos, aprendendo a confiar nas pessoas a seu redor.
Para aprender com os “erros” é necessário saber identificá-los. Espero que, com esses exemplos, você consiga fazer alguma associação do seu presente com o seu passado. São infinitos os exemplos que poderia dar.
Pode ser meio complexo pensar da maneira como propus, por isso, constantemente, falo: Um bom trabalho de autoconhecimento sempre ajuda.
Tatiana Auler
Terapeuta
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Um pouco de Poesia...
O passado não passa
Lembranças: remédio ou veneno.
Se a lembrança é de um daqueles dias azuis
A mais não poder,
De uma primavera única, quando a sensação
Era a de que se podia tudo ser,
Então é remédio, pode crer.
Se a lembrança é de um episódio que deixou
Um travo na boca,
Enevoando a alma e tornando a vida quase oca,
Então é veneno, não sendo coisa pouca.
Se a lembrança é de um momento
Contemplativo do riso da criança,
Cujo som reverberou pelo universo, a tudo purificando em sua dança,
Então é remédio de abastança.
Se a lembrança é de um golpe doloroso que,
Mais do que o corpo,
Marcou a existência até o topo,
Então é veneno, e não é pouco.
Pessoa alguma razoavelmente saudável
Tem um armário com venenos.
E a posse inadvertida de algum exige seu
Rápido descarte, pelo menos.
No entanto, é recomendável à previdente
Sobrevivência
Um armário contendo remédios de
Excelência.
Que armário você vai fazer para você?
Edna Farias
Professora de Português/Literatura
Revisora de textos
Aprendiz de poeta
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